quarta-feira, 30 de junho de 2010

Educadora Sírlia Lima homenageia a maior romanceira do Brasil


A educadora Sírlia Lima, apaixonada por cultura popular é admiradora da obra de Dona Militana e resolveu homenageá-la por meio de um cordel. Capa: A capa foi produzida pelo grande poeta Hélio Gomes Soares (Hegos).

ROMANCE E CORDEL COM MILITANA NO CÉU

Sírlia Sousa de Lima
Amigo peço licença
Para homenagear
A maior romanceira
Do estado potiguar
Se chamava Militana
E no céu já foi morar

Ela guardava os romances
Da tradição oral
Contadora de Histórias
Como ela não tinha igual
Relembrava os enredos
Da era medieval

Nascida em São Gonçalo
Lá no Sítio de Oiteiros
Nasceu na comunidade
Santo Antônio dos Barreiros
Seu pai lhe contava histórias
De heróis a cangaceiros

Sobre o seu nascimento
Disse com voz forte e marcante
No dia 19 de março
A lua estava minguante
No lugar em que nasci
São Gonçalo do Amarante

As histórias repassadas
Tem majestade e alteza
Tinham muitos personagens
Fadas, reis e princesas
Militana as contava
Dando a elas realeza

Toda história contada
Tem por traz um precursor
Seu Atanásio foi
Um grande incentivador
O folheto de cordel
Foi o grande tradutor

A origem das histórias
Tem cultura exotérica
É um grande caldeirão
Afro-mouro-ibérica
Considero Militana
A melhor de toda América

Na casa de Militana
Tudo era simplicidade
E a vinham visitar
Os intelectuais da cidade
E saíam encantados
Cheios de felicidade

A obra de Militana
Sempre esteve interligada
Com seu modo de viver
Nunca esteve separada
Por meio dos seus romances
A lição era ensinada

É preciso se concentrar
Pra perceber o som melódico
Que invocava outro tempo
Dentro de um contexto histórico
Por isso as velhas canções
Tem um valor retórico

Militana sempre foi
Uma grande matriarca
Com família numerosa
Juntou todos numa barca
Seu coração era enorme
Como o de Noé da Arca

Graças aos pesquisadores
Ela não foi esquecida
Deixou obra registrada
Relíquia feita em vida
E Deífilo Gurgel
Dorme de cabeça erguida

Graças a um Projeto
De uma grande dimensão
Realizado pela equipe
Da Fundação Hélio Galvão
Registrou a sonoridade
Cá da nossa região

No objeto de estudo
Tinha pouca intervenção
Queria manter as raízes
Pra não ter alteração
Respeitando seu ritmo
E sua variação

E a Dona Militana
Tinha a alma estradeira
Todos a achavam sábia
Também era rezadeira
Curava um mau olhado
Era boa benzedeira

As histórias que contava
Em espaço itinerante
Viajou até São Paulo
Foi ao Teatro Brincante
Divulgar nossa cultura
Para ir mais adiante

O valor desses romances
São bem fundamentais
Participou da jornada
De Estudos Medievais
Quem conheceu Militana
Não a esquece jamais


Não chore companheiro
Porque Militana se vai
Tem um canto reservado
Lá na morada do pai
Pois quem é de valor
Só tropeça, mas não cai

Agora me despeço
Com amor no coração
Deixo aqui nesses versos
Toda a minha emoção
Eu me chamo Sírlia Lima
Bem ti vi da educação

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